segunda-feira, 30 de dezembro de 2013



Olha aí, gente, tudo mais que confirmado. Domingo,  lançamento do CD Retrato 3 por 3, no Centro de Tradições Nordestinas, no Bairro do Limão, em São Paulo. Alem de nós, Alexandre Morais,Genildo Santana e Zé Adalberto Do Caroço Do Juá, muitos amigos, músicos e poetas vão estar presentes para um momento único. Contamos com a presença de quem estiver por perto e a força de que não puder comparecer.

Na foto nós e Lucélia Pereira, produtora artística do CTN em visita ao palco do evento.
 

sábado, 28 de dezembro de 2013


O Filho Da Excelência

Amazan

Hoje a nossa polícia
Está muito fiscalizada
Por isso é que cabra ruim
Deixou de levar mãozada
É, porque antigamente
Cabra metido a valente
Quando um soldado pegava
Ficasse com foi num foi
Era cada tapa ôi
Que o mocotó entrançava.
Hoje a polícia não pode
Mais dar cacete em ninguém
Cinegrafista amador
Em toda janela tem.
Mas antes tinha uns soldado
Daquele mal encarado
Na rota da bacurau
Que andava cum farnezim
Procurando cabra ruim
Pra dar um samba de pau.
Até que um certo dia
Às duas da madrugada
O quartel passou um rádio
A bacurau foi chamada Pra ir prender um rapaz
Que andava tirando a paz
E o sono do pessoal
Com o som do carro ligado
Passando em sinal fechado
E dando cavalo-de-pau.
A bacurau fez fiapo
Para o local indicado
Não demorou encontrar
O rapaz embriagado
Tinha descido do carro
Tava comprando cigarro
Mas quando espiou de lado
Viu o camburão parando
E o soldado pulando
Já com o braço levantado.
Foi pulando e foi dizendo
- Teja preso, seu safado
Mas antes eu vou lhe dar
Um murro tão condenado
Que tu vai rolar no chão.
Aí o boy disse: _Meu irmão
Tenha calma, tu tá quente
Bater em mim ninguém vai
Senão eu conto a meu pai
O juiz Manoel Vicente.
O soldado deu um freio
Que o coturno cantou
Uma travada no braço
Que o cotovelo estalou.
Aí o cabo disse: -Junim,
Rapaz, tu aqui sozim
Essa hora biritando
Vamo pra casa, danado
Teu pai tá preocupado
E a gente lhe procurando!
Aí levaram Junim pra casa
Bateram numa janela
Manoel Vicente saiu
Com os ói chei de remela.
Aí o cabo disse: -Doutor
Esse filho do senhor
Estava um pouco alterado
Não podíamos prendê-lo
Achamos melhor trazê-lo
Em casa ele está guardado.
E nisso Manoel Vicente
Nem sabia o que fazer
Olhando para a polícia
Começou a agradecer:
Ô, que polícia educada
- Muito bem rapaziada
Gostei da iniciativa
Quando de mim precisar
Basta só me procurar
Lá na Liga Desportiva.
O soldado franziu a testa
E virou como um girassol
Você está me dizendo
Que é juiz de futebol?!
Pobre de Manoel Vicente
Respondeu todo contente:
- Sim, o melhor do estado!
Aí não disse mais nada
Levou uma burduada
Que caiu de cu trancado.
Deram um cacete em Junim
Que o mijo espirrou no chão
Jogaram os dois pelo fundo
Das calças no camburão
Pobre de Manoel Vicente
Preso inocentemente
Sem ter feito nada errado
Junim sem uma pestana
E os dois passaram a semana
Vendo o sol nascer quadrado.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

FULERAGEM MUSIC, NAO E FORRO





Mulher fuleira, uma imagem feminina no forró contemporâneo 70 Durante o primeiro semestre de 2012 dediquei-me ao estudo e análise da produção midiática de duas bandas de forró eletrônico que fazem parte da cena cultural e musical do Estado do Piauí nos dias de hoje “Aviões do Forró” e “Calcinha Preta”, bem como do imaginário dualístico de gênero composto por homens e mulheres que sempre estão presentes nos shows destas bandas que acontecem no interior e em nossa Capital, Teresina. Este processo foi possível a partir observação da oferta de produtos midiáticos por meio de CDs, DVDs e projeção dos shows em bares, restaurantes, boates, pubs, e nos mais diversos espaços culturais, que possibilitou a investigação da produção de sentidos relacionados ao corpo feminino, que gerou a seguinte indagação: Que imagem do corpo feminino é pretendida na produção midiática do forró eletrônico como elemento de consumo cultural? Ao estudar as coreografias, figurinos, perfil corporal, movimentos dançantes e os discursos das letras, de shows gravados em DVDs das duas bandas de forró concluiu-se que esta oferta midiática constrói e oferta sentidos sobre o corpo feminino e que os sentidos identificados na observação foram de romance, eróticos e sensuais, reafirmando-se, historicamente, o papel da mulher como objeto de desejo sexual definida para e pelo homem. Quanto ao objeto de análise qualitativa temos as bandas de forró contemporâneo (eletrônico), geralmente formadas no Nordeste do Brasil.
As Bandas “Calcinha preta” e “Aviões do forró” fazem parte do pequeno grupo de bandas regionais que ganharam grande repercussão no cenário midiático nacional. As duas possuem músicas que compõem trilhas sonoras de várias telenovelas da maior rede de televisão do país, “Rede Globo”. Por este e outros fatores, vêem suas músicas tocadas em todas as grandes rádios populares do Brasil, que acaba ganhando espaço no gosto da população de todo o país.Numa perspectiva de mercado, cultural e de gênero a mulher surge como um atrativo das “bandas de forró”. As músicas falam sobre mulheres, descrevem corpos e condutas para a existência feminina, constroem representações que são aceitas e utilizadas em suas práticas sociais, vêm nelas também uma “representação de seu cotidiano” o que aumenta ainda mais sua identificação com as músicas. Desta forma, o forró eletrônico, recheado por dançarinas exuberantes e sensuais contribui consideravelmente na consolidação de uma “cultura nordestina” que tem bases no consumo ligado aos prazeres do corpo, intimamente relacionados à figura da “mulher fuleira”.   Um dos autores mais renomados nestes estudos que fundamentou consideravelmente nossa pesquisa, Felipe Trotta afirma que “…a temática majoritária das músicas da banda incorpora uma certa continuidade entre a festa e a relação amorosa e sexual, descrevendo estratégias de conquistas, narrando belezas femininas, comentando ações e situações do casal…. com coreografias sugestivas e erotizadas. Portanto, a temática amorosa-sexual.” Como piauiense, entrincheirado pela paleta de ofertas midiáticas oferecidas como cultura regional a ser consumida, ouvimos e vemos cotidianamente o conteúdo do forró eletrônico no trabalho, em casa e quando a diversão envolve “festa”, percebendo, desta forma, que o conteúdo fonográfico deste estilo musical, majoritariamente, traz textos que falam sobre mulheres, e as “pintam” com o pincel do machismo mais patriarcal, dando ênfase a corpos sensuais que levam a um desejo sexual iminente, analogamente a períodos anteriores, mas de forma mais pejorativa e agressiva, pois o duplo sentido é carregado de um conteúdo explicitamente sexual. No tocante às letras musicais, é perceptível que o enfoque é extremamente pejorativo, onde o sexo é tratado de forma banal, depreciativo, no tocante às mulheres, e satírico e patriarcal, para os homens. A dança que é apresentada no acompanhamento das músicas é recheada por um aspecto de espetacularização do corpo da mulher, mostrando-o por todos os “ângulos”, desencadeando, desta forma, sentidos de sexualidade e desejo de posse, onde o corpo feminino é um objeto de satisfação sexual para os homens. Neste contexto chamamos a atenção para a música da banda Aviões do Forró – Mulher Fuleira (Fuleira significa no linguajar cotidiano nordestino sem valor; ordinária, reles). A tônica do forró estilizado, na atualidade, é banalizar as variadas formas de discriminações, preconceitos e violência contra as mulheres tão presente em nossa sociedade, nele as mulheres são tratadas como objeto de prazer ou de violação. Por meio da linguagem são utilizados com freqüência termos como vagabunda, pistoleira, fuleira, safada e puta. A exemplo do refrão da música Mulher Fuleira: Ela é fuleira, fuleira, fuleira. Ela é fuleira, fuleira, fuleira. Ela é fuleira, fuleira, fuleira. Ela é fuleira, fuleira, fuleira. Na bagaceira… Como se percebe são expressões que reforçam a força cultural do patriarcado.  
Enfim, acreditamos que o “corpo” é uma construção social e cultural, cuja representação circula no grupo, investida duma multiplicidade de sentidos. Esses sentidos por vezes reafirmam, por outras se ampliam ou remodelam e por, outras ainda, enxugam ou, mesmo, desaparecem. Mas de qualquer forma, as representações se formam de acordo com o desenvolvimento humano num dado contexto sócio- histórico. Assim, o título de nosso texto justifica-se e alude a idéia da mulher como uma representação do papel de objeto sexual, onde o corpo feminino idealiza a inquietude, a saciedade, o desejo, o sexo e a uma ideia explicar de fuleiragem, onde o protagonismo semiótico é o da “mulher fuleira”. Por Fábio Soares da Costa

Leia mais em: http://www.jfagora.com/artigo-mulher-fuleira-uma-imagem-feminina-no-forro-contemporaneo-2.html
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domingo, 22 de dezembro de 2013


ZENILTON,FORRO MATUTO E IVAN FERRAZ NA CASA DO REI,PARQUE AZA BRANCA,EXU,PERNAMBUCO.

sábado, 21 de dezembro de 2013


O NORDESTE, O BRASIL, SENÃO O MUNDO
PERDEU HOJE UM GIGANTE 'ASTRO REI'
COMO FÃ EU JAMAIS ESQUECEREI
DO POETA DO BREGA MAIS PROFUNDO.
CORAÇÃO DE POETA É VAGABUNDO
QUANDO DELE UM AMOR VEM TOMAR POSSE
SE VOCÊ CONHECEU TALVEZ ENDOSSE
PORQUE AMOR TEM DO QUENTE, FRIO E MORNO
QUE PARTIU DESSA VIDA MAIS UM CORNO
SEGUE EM PAZ, O REI REGINALDO ROSSI.

Autor: Pedro Torres

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013



                                                             No dia que eu morrer
                                                             Deixo a mulher sem conforto
                                                             Roupas em malas guardadas
                                                             E o chapéu em torno torto
                                                             E a viola com saudades
                                                             Dos dedos do dono morto.

                                                             (Poeta Louro Branco-CE).

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013



A BRIGA NA PROCISSÃO
Quando Palmeira das Antas,
Pertencia ao capitão “Justino Bento da Cruz”.
Nunca faltou diversão,
Vaquejada, cantoria, procissão e romaria.
Sexta-feira da paixão.

Na quinta-feira maior, no salão paroquial
Dona Maria das Dores reunia os moradores
Logo após uma pré-seleção ao lado do capitão.
Escalava-se a seleção de atrizes e atores.

O papel de cada um o capitão escolhia.
A roupa e a maquiagem eram com dona Maria.
O resto era discutido, aprovado e resolvido
Na sala da sacristia.

Todo ano tinha um Jesus, um Caifaz e um Pilatus.
Só não mudavam a cruz, o verdugo e os maus tratos.
O Jesus daquele ano, foi o Quincas beija-flor
Caifaz foi o Cipriano, Pilatus foi o Nicanor.

Duas cordas paralelas, separavam
A multidão, para que pudessem entre elas
Caminhar a procissão.
Cristo conduzindo a cruz, foi não foi advertia
Ao centurião perverso que com força lhe batia.
Era pra bater maneiro mas ele não entendia,
Devido ao grande pifão que bebeu naquele dia
Do vinho que o capelão guardava na sacristia.

Cristo dizia: - ô rapaz, vê se bate devagar,
Já to todo encalombado assim não vou agüentar.
Ta com a gota pra doer, ô tu para de bater,
Ô a gente vai brigar, jogo já essa cruz fora,
To ficando revoltado, vou morrer antes da hora
De ficar crucificado.

O pior era que o malvado fingia que não ouvia,
Além de bater com força ainda se divertia,
Espiava pra Jesus, fazia pouco e dizia:
-Que cristo frouxo é você que chora na procissão?
Jesus pelo que se sabe num era mole assim não!
Eu to batendo com pena, tu vai ver o que é bom
Na subida da ladeira da venda de Finelon,
O couro vai ser dobrado, daqui até o mercado
A cuíca muda o som!

Naquele momento, ouviu-se um grito da multidão.
Era Quincas que com raiva sacudiu a cruz no chão,
E partiu feito maluco pra cima de Bastião.
Se travaram no tabefe ponta pé e cabeçada...
Madalena levou queda, Pilatus levou pancada,
Deram um bufete em caifaz que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.

Desmancharam a procissão, o cacete foi pesado,
São Tomé levou um tranco que ficou desacordado,
Acertaram um cocorote na careca de Timote
Que até hoje é aluado.

Até mesmo São José, que não é de confusão,
Na ânsia de defender o filho de criação,
Aproveitou a garapa pra dar um monte de tapa
Na cara do bom ladrão.

A briga só terminou quando o doutor delegado,
Interviu e separou cada santo pro seu lado.
Desde que o mundo se fez, essa foi a primeira vez
Que cristo foi pro xadrez mas não foi crucificado.

AUTOR: CHICO PEDROSA

terça-feira, 17 de dezembro de 2013



O grande Zenilton e o cantor  e apresentador de programa de radio e tv ,Ivan Ferraz.Durante as comemoracoes do nascimento do Gonzagao,na casa do rei,Parque Aza Branca. Exu,Pernmabuco. Zenilton , foi uma das boas atracoes na sobra do juazeiro.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013


#Exu | Crianças tocam pra Gonzaga


No sabado(14/12), as homenagens a Gonzagão ficaram nas mãos das crianças. E elas não fizeram feio, os jovens de 9 a 14 anos, do Projeto Asa Branca e do Ponto de Cultura Alegria de pé de serra animaram a Bodega de João Barela, em Tabocas, e depois seguiram num pau de arara até a feira livre de Exu tocando com beleza as músicas do Mestre Lua, no projeto Cultura Livre nas Feiras.

Quem ficou orgulhoso foi o professor, Mestre Pedro, que brinca sobre seus alunos: “eles estão aprendendo mais do que eu”. Pedro aprendeu sanfona sozinho, com sua própria inteligência, como ele diz, “eu sou um cara da roça, um sofredor, sou vaqueiro, mas sempre fui muito apegado à música”, diz ele que também é poeta e já foi mestre de reisado. Atualmente está com 35 alunos. “Eu queria que todo mundo que passasse pelo projeto aprendesse pelo menos um pouquinho”, diz ele, com 12 alunos veteranos que o acompanham constantemente em apresentações.
O projeto Asa Branca vem formando jovens sanfoneiros desde 2002. Os alunos chegam e ficam até se profissionalizar, até pegar gosto pela coisa. “Muitos sanfoneiros de Exu passaram pelo projeto”, conta Marlla Texeira, Articuladora Regional do Projeto Cultura Livre nas Feiras.
A jovem Jaiane, de 13 anos é moradora de Tabocas e faz parte do grupo “Os Gonzaguinhas”, formado só por crianças. Ela conta que sua inspiração vem de Luiz Gonzaga, “Ele é a cultura, é nosso rei”. Pra Mestre Pedro, Gonzaga “é uma estrela pro Nordeste e pro mundo inteiro. Graças a ele nós estamos com nossa música pé de serra”, diz. E acrescenta: “Pra mim ele é até um santo que está obrando milagre”.

sábado, 14 de dezembro de 2013




O fim de semana vai ser de muita animação e forró no Exu, terra do Rei do Baião Luiz Gonzaga. Dentro da programação do Festival Pernambuco Nação Cultural, vários forrozeiros vão se apresentar no Palco Nação Cultural, montado no Parque Aza Branca, na sexta(13) e no sábado (14), sempre às 21 horas. O evento faz parte das comemorações da festa “Viva Gonzagão”, que homenageia o Mestre Lua.
Com mais de 25 anos de carreira e 28 cds lançados, o cantor e compositor pernambucano Nando Cordel é uma das principais atrações do Palco Nação Cultural na sexta-feira (13), dia do aniversário de Gonzagão. E Nando promete levar ao público um show que mescla músicas de sua autoria, como “É de dar água na boca” e “Hoje é dia de folia”, com canções do Rei do Baião, como “Asa Branca”, e de Dominguinhos. Além dele, na mesma noite também sobem ao palco a banda Anjos do Forró, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga, Joãozinho de Exu e Targino Gondim.
O acordeonista e cantor Waldonys, chamado carinhosamente por Luiz Gonzaga de “garoto atrevido”, sobe ao palco no sábado, 14. “A emoção de se apresentar no Exu sempre existe, mesmo eu tocando no aniversário de seu Luiz desde a época que ele era vivo. Foi em Exu que fui apresentado a um grande público pela primeira vez”, confessa o cantor. E completa: “mas esse ano a emoção triplica, por causa da falta de Dominguinhos. Há exatamente um ano ele fazia o seu último show lá e eu estava”.
Na mesma noite ainda se apresentam Jaiminho de Exu, a cantora Marina Elali, que, em 2012, gravou um dvd em homenagem ao Mestre Lua, Daniel Gonzaga, neto de Gonzagão, e Flávio Leandro.
Confira a programação completa do Palco Nação Cultural
Sempre a partir das 21h – Local: Parque Aza Branca
Sexta-feira, 13/12
- Anjos do Forró
- Joquinha Gonzaga
- Joãozinho de Exu
- Targino Gondim
- Nando Cordel
Sábado, 14/12
- Jaiminho do Exu
- Marina Elali
- Daniel Gonzaga
- Waldonys
- Flávio Leandro


         
 Exu | Quando a sanfona de 8 Baixos ainda teima em tocar



Ontem (12/11), no I Encontro de sanfonas de 8 Baixos, grandes nomes do instrumento tocaram na Fazenda Araripe prestando homenagem ao fole que está cada vez mais raro.

O primeiro instrumento tocado pelo Rei do Baião, aquele que seu pai, Januário tocava e era famoso por consertar e afinar, aquele de músicos clássicos no Sertão como Geraldo Correia, Abdias, Pedro Sertanejo, Negrão dos 8 Baixos, Zé do X, a sanfona de 8 Baixos está se tornando rara aqui no Araripe.
O músico e pesquisador Leo Rugero, que lançou ontem (12/12), no Exu o livro e filme homônimos, “Com respeito aos 8 Baixos” resolveu tocar “nessa ferida”, como ele mesmo diz. “Eu percebi que esse instrumento era muito querido, ocupava um rol de significância e isso foi se perdendo, a partir da década de 1980 essa tradição foi se esvaindo”, conta. Carioca e pianista, Leo conheceu o tocador de 8 baixos paraibano, Zé Calixto e se apaixonou pelo instrumento. “Ele toca músicas impossíveis de serem tocadas numa sanfona de 8 Baixos. Fiquei estarrecido com o virtuosismo, com o repertório, que incluía choro, frevo, um repertório todo instrumental”, conta do encontro musical que começou quando ele ouviu um disco de Zé e se aprofundou ainda mais quando eles, de fato se encontraram. “O que eu achei que seria apenas mais uma entrevista se transformou num deslumbramento com o instrumento e no início de uma grande amizade”, conta.
Rugero resolveu inserir o tema na academia, escrevendo pela primeira vez um artigo sobre o instrumento: “A sanfona de 8 Baixos e a música instrumental”. Ele conta que não só Zé Calixto foi morar no Rio, como vários outros músicos nordestinos fizeram o mesmo percurso ativando uma cena da sanfona de 8 Baixos na cidade maravilhosa, na década de 1970. Com seu trabalho, o carioca espera  “mais do que preservar, difundir e ampliar, revalorizar a sanfona de 8 Baixos”.  “Eu já tinha experiência com a música nordestina, com a música armorial, com Hermeto Pascal, com o trabalho de Guerra Peixe sobre o folclore daqui. Mas a sanfona de 8 Baixos me colocou em contato com a alma, com o cerne dessa experiência musical. E foi um desafio porque não era o meu mundo. Hoje eu me sinto integrado, como se de alguma forma eu tivesse fazendo parte dele”, finaliza.
Os lançamentos fizeram parte do I Encontro de sanfona de 8 Baixos que também contou com a apresentação de grandes nomes como Zé e Luizinho Calixto e Bilinho dos 8 Baixos.