sexta-feira, 26 de julho de 2013



 Ariano Suassuna falando do forró atual... 


‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na plateia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

quinta-feira, 25 de julho de 2013



12:22:31

Serrita celebrará 43ª Missa do Vaqueiro



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Organização espera um público de 60 mil pessoas durante evento
Foto: Divulgação


Começa nesta quarta-feira (24) e segue até o domingo (28), a 43ª edição da Missa do Vaqueiro em Serrita, município do Sertão pernambucano.
A organização do evento espera um público de 60 mil pessoas para o evento que reúne, além do lado religioso, o profano com shows, vaquejadas e lançamentos do livro ‘Missa do Vaqueiro - 40 Anos’ e do CD ‘Rezas de Sol’, que reúne as canções entoadas durante a missa.
O tradicional encontro tem suas raízes em uma história cantada por Luiz Gonzaga. Segundo a tradição, Raimundo Jacó era um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar: achava qualquer bicho, onde quer que estivesse. Reza a lenda, que seu canto atraia o gado, mas também a inveja dos colegas de profissão que, numa emboscada, assassinaram Jacó.
O vaqueiro tinha um fiel companheiro, um cachorro. A história conta que o cão velou o corpo de Jacó dia e noite, morrendo de fome e sede. O enterro do vaqueiro atraiu uma pequena multidão. Sua coragem o transformou num mito do Sertão, que correu o mundo, chegando ao conhecimento de Luiz Gonzaga. O vaqueiro teve sua saga transformada em versos pelo famoso Rei do Baião. Gonzaga também decidiu fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro.
Desde então, houve a primeira Missa do Vaqueiro em 1970, celebrada no Sítio Lajes, Serrita, pelo padre João Câncio. De acordo com o costume, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas, como chapéu de couro, chicote, berrante, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa acontece ao ar livre, sempre em um domingo. Confira programação completa abaixo.
Quarta-feira, 24/07 - Serrita
Banda Mulek Doido
Wander e Renan
Nildo do Acordeon
Banda Magia do Amor
Quinta-feira, dia 25/07 - Ipueira
Gideon do Forró
Forrozão Ald
Banda Magia do Forró
Sexta-feira, dia 26/07 - Parque do Vaqueiro
Chico Justino e Cícero Mendes
Flávio Leandro
Bueno Novais
Cheiro de Menina
Raniere
Forrozão das Antigas
Sábado, dia 27/07 - Parque do Vaqueiro
Coral Aboios
Edson e Hudson
Ana Paula Nogueira
Joquinha Gonzaga
Cesinha
Banda 100 Parea
Domingo, dia 28/07 - Missa do Vaqueiro
Josildo Sá
Cezinha
Coral Aboios
Pedro Bandeira
Participação dos Aboiadores: Fernando e Ronaldo